O risco de contaminação pelo vírus
HIV na cirurgia ortopédica.
RISCOS DE CONTAMINAÇÃO
ATRAVÉS DE ATO CIRÚRGICO
O primeiro caso relatado na literatura de contaminação De um profissional de saúde pelo vírus HIV ocorreu na África,em 1983, com uma enfermeira que recebeu uma picada de agulha de uma seringa contendo sangue fresco de paciente
Contaminado. Teoricamente, vários são os mecanismos através dos
quais um profissional de saúde pode vir a ser contaminado
por um paciente: ferimentos perfurantes por agulhas, ferimentos
por objetos cortantes, exposição de lesões prévias de
pele ao sangue do paciente, transmissão através de mucosas,
queimaduras por cautério.
Durante uma cirurgia, a possibilidade de ocorrência de
um acidente que exponha o profissional ao sangue do paciente
é de cerca de 10%(11,22). Em algumas estatísticas de
cirurgia ortopédica, esta incidência e menor, o que pode ser
atribuído à utilização do no-touch technique comum entre
muitos destes especialistas(18).
As picadas de agulha constituem a ocorrência mais comum:
107 vezes em 112 acidentes (95%) para Hussain &
col.(18) e 962/1.201 (80%) segundo Marcus(20). Em geral, elesacontecem no momento da sutura, quando o cirurgião procura
recolher com os dedos a agulha que emerge dos tecidos.
As luvas cirúrgicas fabricadas em látex, desde que intactas,
constituem barreira eficiente para a penetração de microorganismos
(8). Entretanto, mesmo a utilização de dois pares
de luvas não impede o ferimento por agulhas. Após uma
cirurgia ortopédica, cerca de 50 a 60%) das vezes ocorre a
perfuração da luva externa e seis a 10% das duas luvas(9). O
mais preocupante e que em cerca de 50/o das vezes estas
perfurações não são percebidas pelos cirurgiões(11,22) .
Para o pessoal paramédic, a maioria dos acidentes perfurantes
acontece no momento do recapeamento da agulha
ou na manipulação, pelo pessoal de limpeza, de agulhas usadas
e não devidamente protegidas.
O volume de sangue necessário para a transmissão do
HIV deve ser maior do que o que está presente numa agulha
de sutura e a passagem por duas luvas limpa a agulha, reduzindo
a quantidade de sangue que chega a pele do cirurgião.
Muitas das contaminates de profissionais da saúde foram
conseqüência de inoculações profundas de agulhas ligadas a
seringas contendo grande quantidade de sangue(17).
A exposição a outros fluidos diferentes do sangue não
provocou qualquer caso de contaminação. Até hoje, o sangue
é o único fluido corporal responsabilizado pela transmissão
do HIV nos atos médicos.
Os diversos estudos realizados com profissionais de saúde
que foram inoculados por sangue de pacientes portadores de
HIV mostram que o risco de soroconversão é de três para
cada 1.000 ocorrências(7,14,16,20). É preciso considerar que, nessas
mesmas condições, o risco de contaminação com o vírus
da hepatite B é de seis a 30%.
O risco de aquisição do vírus HIV a partir do sangue de
um indivíduo com infecção esta diretamente ligado ao estado
de evolução da doença. Os casos descritos na literatura,
que apresentam soroconversão, foram contaminados por pacientes
sintomáticos(20).
Embora o risco de transmissão de HIV seja muito pequeno
após um simples ferimento percutâneo, é preciso considerar
que um cirurgião esta exposto a inúmeras picadas de
agulhas ou ferimentos cortantes durante sua vida profissional.
Assim, deve-se levar em conta a somatória dos riscos de
toda uma vida profissional e não de uma única cirurgia.
Outro aspecto da transmissão do HIV está ligado ao receptor
de um enxerto ósseo alógeno que pode estar eventualmente
contaminado pelo vírus HIV. Esta ocorrência já foi
verificada em algumas ocasiões, conforrne citação de Hernigou
& col.(l6). Tais riscos impõem a adoção de controlerigoroso dos doadores e medidas de esterilização que garantam
a segurança deste procedimento.